Brasil tem mais de 4 milhões de empreendedores acima dos 60 anos. Veja dicas para começar.

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Três anos antes de se aposentar como bibliotecária, Laiza Menezes decidiu, em 2020, transformar um hobbie em negócio. Ela montou um ateliê, comprou máquinas e abriu a Abayomi Menezes, empresa de bonecas e bonecos pretos de pano. Hoje, aos 68 anos, ela é uma entre mais de quatro milhões de donos de negócios seniores — aqueles com 60 ou mais — no Brasil. O dado é do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Ainda segundo o levantamento, de 2012 a 2023, houve um aumento de 42% dessa fatia de empreendedores. Muitos em início de jornada.

— Por conta da tendência de longevidade, o que a gente vê são pessoas se aposentando com mais de 20, 30 anos de vida produtiva. Então, o que fazer? Diante de um mercado de trabalho preconceituoso, que não os absorve, muitos enxergam no empreendedorismo uma forma de complementar a renda e permanecerem ativos — reflete Juliana Lima, analista do Sebrae Rio.

Os empreendedores com 60 anos ou mais estão distribuídos, principalmente, nos setores de Serviços (36,4%) e Comércio (21,9%).

No Sebrae Rio, o projeto de Economia Prateada atende empreendedores a partir de 50 anos, e algumas características são mais comuns entre eles, que têm idades entre 51 e 69 anos. A maior parte dos negócios não exigiu grandes investimentos iniciais e pôde ser ser criada em casa. Muitos se baseiam em habilidades manuais, como artesanato, fabricação de bijuteria e de alimentos, além dos segmentos de moda e moda circular, educação e treinamento. Franquia é um tipo de negócio bastante procurado, por ter os processos já estruturados.

— Alguns deles têm ajuda de filhos ou netos em redes sociais. Mas a maioria é solitária nesse caminhar de empreender — conta Juliana.

‘Sabia que tinha que me preparar para a gestão’

Depoimento de Laiza Menezes, de 68 anos:

Eu fazia artesanatos nos fins de semana, por lazer. Em 2020, aos 64 anos, comecei a levar a sério, montei um ateliê e me estabeleci como empreendedora. Eu fui chefe por muito tempo no meu antigo trabalho, na UFF. Então, tinha experiência de gestão do negócio público. Mas sabia que tinha que me preparar para a gestão do negócio privado. Fui atrás de cursos do Sebrae. Hoje, faço a produção das bonecas, cuido do financeiro… Minha filha ajuda nas redes sociais. E é um prazer muito grande. Uma paixão. Penso nisso 24 horas por dia.

Oito meses para desenvolver habilidades

No projeto Economia Prateada, lançado neste ano no Rio e em Niterói, 40 empreendedores passam por oito meses de desenvolvimento de habilidades empreendedoras. A estratégia digital é um dos ganhos que Rita de Cassia Oliveira, de 69 anos, destaca da participação:

— Empreender na minha idade vem com mais sabedoria e inteligência emocional. O maior desafio foi a adaptação à rápida escala do digital.

Atualmente, redes sociais como WhatsApp, Instagram e Facebook são os principais canais de venda, junto ao famoso boca a boca, da agência, Ross Turismo & Eventos, que ela abriu aos 59 anos.

— A ideia surgiu do fato que eu trabalhei no mercado tradicional como assistente executiva e comercial, realizando as viagens corporativas de todos os técnicos da empresa em que eu trabalhava, e também pelo fato de minha mãe fazer viagens em grupo desde os anos 1980. Já tinha essa vontade desde os anos 1990 — lembra.

Franquia: opção em alta

Clodoaldo Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) Rio, tem observado uma tendência crescente de franqueados acima dos 60 anos.

— Um modelo de negócios estruturado, que oferece suporte contínuo aos franqueados, reduz a incerteza e o risco em comparação com um negócio começando do zero. O reconhecimento da marca, treinamentos e acesso a fornecedores também são fatores importantes na hora de começar um negócio — diz.

Foi por isso que o aposentado Antonio Carlos de Carvalho, de 70 anos, decidiu investir cerca de R$ 8 mil para abrir em Niterói uma Marketing Bag, franquia de publicidade em saquinhos de pão.

— Eu empreendi, mais jovem, com laticínios e sei que é muito mais difícil abrir algo por conta própria. Então agora, quando decidi empreender com uma amiga, que vai tocar as vendas mais de perto, busquei uma franquia — conta.

Para quem deseja abrir uma franquia, o primeiro passo é avaliar com qual segmento se identifica. No site www.portaldofranchising.com.br, é possível filtrar franquias por segmento e investimento. Gastos iniciais e retorno esperado, aliás, são tópicos importantes a considerar.

Ao formalizar o interesse em uma rede, o potencial franqueado recebe, sem custo, uma circular com contatos de franqueados e ex-franqueados. A recomendação é conversar com eles, para tomar uma decisão.

— É essencial analisar o histórico da marca, a qualidade do suporte oferecido e conversar com franqueados para entender a rotina e os desafios do negócio. Vale ouvir até ex-franqueados — diz Nascimento, acrescentando: — O aposentado que deseja investir deve pensar em como a operação do negócio se enquadra em seu estilo de vida atual.

Gerir um negócio tem dificuldades em qualquer idade. Nos novatos de 60 anos, porém, o medo das tecnologias é um desafio comum a superar.

— Os franqueados acima dos 60 anos podem enfrentar desafios de adaptação às novas tecnologias, mas tudo pode ser aprendido e superado. Além disso, alguns negócios têm um ritmo intenso, e o franqueado necessita lidar com a gestão de equipes — diz Clodoaldo Nascimento.

Na raiz dessas dificuldades, muitas vezes mora o medo.

— São crenças e mitos de que é muito tarde, de que a tecnologia é difícil. Por isso, para começar a empreender, primeiramente é preciso acreditar em si, crer que é capaz — aponta Juliana.

E são mesmo. No Brasil, os empresários seniores têm renda média de R$ 3.347, 41% maior do que os empreendedores jovens, aponta uma pesquisa do Sebrae divulgada este ano. Ao lado de quem começa com a idade avançada, aliás, estão alguns fatores:

— Eles conseguem trazer para o negócio a maturidade, a resiliência e a experiência profissional. O networking também é uma ferramenta importante. Eles escolhem muito mais o que querem. Buscam prazer no que estão fazendo — pontua a analista do Sebrae.

  • Habilidades – Identifique pontos fortes e continue a aprimorar as habilidades técnicas adquiridas e as competências comportamentais.
  • Tendências – Atualize-se sobre as tendências do segmento em que atua. Para se destacar, é importante conhecer as demandas atuais.
  • Gestão – Capacite-se em gestão de empresas. Entenda qual é o seu produto, forme preços saudáveis para o negócio e faça o controle de caixa.
  • Relacionamento – Não se feche em contatos com pessoas da mesma idade. Dividir experiências com um grupo semelhante é bom, mas se relacionar com profissionais de outras gerações também é enriquecedor.
  • Tecnologias – Conheça novas tecnologias, deixando de lado seus medos.
  • Atendimento – O Sebrae tem cursos on-line e presenciais para pequenos empreendedores, além de atendimento individualizado gratuito. Para conhecer a programação ou agendar uma conversa, o interessado deve entrar em contato por WhatsApp ou telefone no número 0800-570-0800 ou ir a uma unidade do Sebrae mais próxima. Mais informações no site https://sebrae.com.br.

Dúvidas? Entre em contato com a nossa equipe! 47 3333-5169.

Fonte: Portal Contábil SC.

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